quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Processo versus objetivo (programas versus visão)

É impressionante como a gente encontra muita gente fazendo coisas sem entender pra que as estão fazendo. Ainda estou olhando de fora, mas parece que a AIESEC na Noruega parece ser fortemente pautada por fazer processos acontecerem, sem pensar se esses processos estão chegando ao objetivo final desejado. Exemplos:

- Fazem planejamento de RH, mas não usam o resultado disso pra selecionar as pessoas necessárias pra organização.
- Fazem com que os membros tenham um plano individual de carreira, mas não usam para gerir o pipeline de talentos.
- Ah, fazem pipeline de talentos, mas não usam pra nada, porque as informações não têm muita qualidade.

Na verdade já vi isso em diversas unidades da AIESECs, mas o exemplo é bastante vivo na Noruega porque me parece que eles ainda não entenderam isso (posso estar enganado, é claro, já que eu estou no Brasil e estou vendo as coisas com a visão daqui).

Acredito sinceramente que o mundo precisa mais de pessoas (líderes) capazes de implementar visões, focando no objetivo final, do que implementar processos perfeitos. Afinal, o mundo está em constante movimento e cada vez mais rápido, logo os processos de ontem não resolvem mais os problemas de hoje. Em última instância, mais e mais organizações são sistemas orgânicos, verdadeiras comunidades, feitas inteiramente por pessoas. E nós sabemos que pessoas não são robôs pra ficar repetindo processos da mesma maneira.

A melhor alegoria que eu já vi sobre isso é o que o Daniel Quinn chamou de “programas” e “visões”: imagine um rio correndo, se você colocar uns galhos nele, vai com certeza atrapalhar o fluxo da correnteza, mas não vai impedir. Os galhos são “programas”, o rio é a “visão”. Enquanto não mudarmos a visão, o rio vai continuar fluindo, não importa quantos galhos a gente colocar ali. Por isso coisas como “combate às drogas” e “leis de trânsito” não dão certo, porque são baseados em programas, em colocar galhos (proibições, fiscalização, rigidez penal, etc) no rio (a visão das pessoas que produzem / vendem / consomem as drogas, por exemplo).

É impressionante a quantidade de processos que não atingem a visão. Espero sinceramente conseguir mudar isso por lá.

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