segunda-feira, 3 de março de 2008

Todo começo tem um fim e vice-versa

Estou abandonando este blog. Ele servia mais como um momento de reflexão e compartilhamento com as pessoas à minha volta, porém, na minha nova aventura, as pessoas à minha volta não vão falar português. Além disso, estou quebrando a minha cabeça fazendo meu trabalho de conclusão de curso, tá na hora de me comprometer com ele e acabar de uma vez com a procrastinação teórica. Chega de distrações.

Por enquanto não terei um blog sobre liderança, mas prometo documentar minha experiência na Noruega (em inglês) através do Young-Leader, meu futuro novo blog (que ainda não existe).

Em tempo: ando tendo um bocado de idéias delirantes sobre a escola do futuro.

Nos vemos por aí, jovens líderes.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Processo versus objetivo (programas versus visão)

É impressionante como a gente encontra muita gente fazendo coisas sem entender pra que as estão fazendo. Ainda estou olhando de fora, mas parece que a AIESEC na Noruega parece ser fortemente pautada por fazer processos acontecerem, sem pensar se esses processos estão chegando ao objetivo final desejado. Exemplos:

- Fazem planejamento de RH, mas não usam o resultado disso pra selecionar as pessoas necessárias pra organização.
- Fazem com que os membros tenham um plano individual de carreira, mas não usam para gerir o pipeline de talentos.
- Ah, fazem pipeline de talentos, mas não usam pra nada, porque as informações não têm muita qualidade.

Na verdade já vi isso em diversas unidades da AIESECs, mas o exemplo é bastante vivo na Noruega porque me parece que eles ainda não entenderam isso (posso estar enganado, é claro, já que eu estou no Brasil e estou vendo as coisas com a visão daqui).

Acredito sinceramente que o mundo precisa mais de pessoas (líderes) capazes de implementar visões, focando no objetivo final, do que implementar processos perfeitos. Afinal, o mundo está em constante movimento e cada vez mais rápido, logo os processos de ontem não resolvem mais os problemas de hoje. Em última instância, mais e mais organizações são sistemas orgânicos, verdadeiras comunidades, feitas inteiramente por pessoas. E nós sabemos que pessoas não são robôs pra ficar repetindo processos da mesma maneira.

A melhor alegoria que eu já vi sobre isso é o que o Daniel Quinn chamou de “programas” e “visões”: imagine um rio correndo, se você colocar uns galhos nele, vai com certeza atrapalhar o fluxo da correnteza, mas não vai impedir. Os galhos são “programas”, o rio é a “visão”. Enquanto não mudarmos a visão, o rio vai continuar fluindo, não importa quantos galhos a gente colocar ali. Por isso coisas como “combate às drogas” e “leis de trânsito” não dão certo, porque são baseados em programas, em colocar galhos (proibições, fiscalização, rigidez penal, etc) no rio (a visão das pessoas que produzem / vendem / consomem as drogas, por exemplo).

É impressionante a quantidade de processos que não atingem a visão. Espero sinceramente conseguir mudar isso por lá.

Frase

"Schools, at every level, prefer to teach what can be taught, rather than what needs to be learnt."
- Charles Handy, in Myself and Other More Important Matters

Tradução livre:

"Escolas, em todos níveis, preferem ensinar o que pode ser ensinado, ao invés do que precisa ser aprendido."

A mais pura verdade. Aliás, esse semestre eu provavelmente me formarei um comunicólogo, um cientista em comunicação social - termo apropriado, já que o curso forma em teoria comunicólogos (com o perdão do trocadilho).

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

De Recursos Humanos para Gestão de Talentos

Seth Godin (guru de marketing) fala sobre como para a imagem do setor de "RH", é melhor para o setor de "Talentos". Leia o pequeno artigo (em inglês): Marketing HR.

Um trecho:

Understand that in days of yore, factories consisted of people and machines. The goal was to use more machines, fewer people, and to design processes so that the people were interchangeable, low cost and easily replaced. The more leverage the factory-owner had, the better. Hence Personnel or the even more cruel term: HR. It views people as a natural resource, like lumber.

Like it or not, in most organizations HR has grown up with a forms/clerical/factory focus. Which was fine, I guess, unless your goal was to do something amazing, something that had nothing to do with a factory, something that required amazing programmers, remarkable marketers or insanely talented strategy people.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Just say "no"

O mundo se tornou uma constante interrupção - e-mail, telefone, messenger, skyper, pessoas no escritório - a maioria disso tudo convergindo pra uma única coisa: pessoas pedindo pra você fazer algo que você não está fazendo agora. Não importa o que, avaliação de performance, relatório de sei lá o que, comparecer a uma reunião, pedir para mandar um e-mail com tais dados, perguntar onde está tal arquivo, enfim, todo mundo quer alguma coisa.

Muitas pessoas, com medo de dizer "não", dizem "sim", mesmo sabendo que não vão fazer ou que vão ter muita dificuldade pra fazê-lo. Na minha opinião, isso é pior que dizer "não". Porque quando você notar, lá se vai a deadline por água abaixo porque alguém não comprou a passagem de avião como prometido e agora não dá mais pra tirar o visto em tempo hábil. Puxa, era uma ótima oportunidade de trabalho jogada fora por alguém que não cumpriu uma promessa simples: comprar a droga das passagens de avião pra Macedônia.

Se a pessoa das passagens dissesse "não vai dar, estou atolado", você acharia outra maneira de comprar as passagens. Mas, não, ela tinha que dizer "sim" e não cumprir.

Por que as pessoas não conseguem dizer não? Diga "não", isso dá chance pra outra pessoa procurar outra solução.

Talvez seja um exagero, mas quando alguém dizer "não", às vezes deve-se até dizer "obrigado" com entusiasmo a essa pessoa.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Faça o que eu digo E o que eu faço

Uma coisa que eu aprendi sendo líder e liderado, é que poucas coisas são mais poderosas para inspirar a forma com que os liderados pensam ou (re)agem é o próprio exemplo do líder. Por exemplo, se o líder grita, as pessoas também vão gritar.

Então, como líder, nunca peça para alguém fazer o que você mesmo não faria, porque não é justo e provavelmente não vai funcionar.

Walk the talk.

sábado, 9 de fevereiro de 2008

Markering de guerrilha para vencer a guerra por talentos na Geração Y (ou, como recrutar jovens que usam a internet)

Já falei zilhões de vezes aqui dos problemas de se contratar pessoas que as organizações estão enfrentando. Talento é, cada vez mais, uma coisa com muita demanda e pouca oferta. Por conta disto, segundo alguns recentes estudos, cada vez mais os jovens (com alguma qualificação) estão sendo “chatos” na hora de escolher um emprego, mudando a outrora popular manobra “tsunami de curriculum” para o envio mais seletivo do CV para empresas em que a pessoa está interessada. Nisso, o bom e velho classificado já têm faz tempo perdido espaço e as empresas há muito recorrem a estratagemas diversos para achar seus talentos, como empresas de head hunting e parceria com certos tipos de organizações de desenvolvimento de talento (universidades, organizações como a AIESEC, etc).

Mas como diabos então atrair a geração Y, mais ligada na tela do computador do que da TV e que lê jornais na internet?

Talvez seja simplesmente porque eu sou da geração Y que vejo as coisas de maneira mais “tech-savvy”, mas demorou para as empresas utilizarem a internet (eficientemente) para atrair jovens talentos.

Exemplo randômico:

Criar um site com uma espécie de “jogo da carreira”, uma espécie de teste on-line (tão em voga nesses anos 2000), onde o sujeito responde perguntas referentes a alguns dos seus dados estrategicamente escolhidos pela empresa, como por exemplo curso superior, tipo de experiência profissional e características pessoais. Com base nas suas respostas, o sujeito receberia o resultado de maneira divertida, como por exemplo descobrir que seu bacharelado em administração e curso de espanhol o levou a ser muambeiro no Paraguai. Tudo pela diversão, obviamente nada sério. Aí ao fim do teste, o sujeito receberia a indicação de mandar seu currículo para a empresa que fez o site para não acabar sua carreira desse jeito deplorável (obviamente colocando algo pro jovem talento conhecer melhor a empresa também), além de poder enviar o link para os amigos e até postar o seu resultado no próprio blog. Se o site fosse realmente divertido e simples, muita gente mandaria para seus conhecidos, postaria no blog e espalharia viralmente o conteúdo. A empresa poderia até criar uns videozinhos no Youtube pra promover o site do jogo da carreira.

Imagine o potencial, jovens mandando o CV pra sua empresa espontaneamente e repassando o link para seus contatos.

Esse é obviamente um exemplo meio tosco que pode ser melhorado pra caramba e onde haveria muito lixo dentre os dados recebidos, mas com certeza haveria algo útil - e, se mesmo assim não houver, pelo menos a sua organização interagiu e reforçou a marca com este público.

Outro exemplo de como usar a internet foi o que eu vi o Seth Godin fazendo em seu blog: estava oferecendo US$ 5.000,00 para quem indicasse uma pessoa com tais e tais características para uma startup de web 2.0.

Na verdade uma das táticas mais absurdamente boas que eu vi uma organização usando foi o Exército dos Estados Unidos, que criou um jogo desses de tiro que é uma simulação muito real de ambientes de guerra moderna, com armas, jargão militar e tudo e milhares de pessoas se enfrentam nele pela internet. O jogo pode ser baixado gratuitamente, além de fazer propaganda de "heróis de verdade" (histórias de membros do exército em situações em que fizeram algo heróico) e outras papagaiadas divulgando o quão legal é ser do exército da águia americana. Imagina se isso não ia deixar a garotada sedenta pra servir à pátria de verdade?

Em época de seca de talentos, criatividade é muito bem-vinda - até porque os jovens em geral esperam que as empresas valorizem a criatividade e não querem mais a monotonia de um emprego estilo "carimbador" (quer dizer, alguns, sempre tem quem sonhe em ser funcionário público, mas isso é mais uma características de países como o Brasil, onde estabilidade ainda é a bola da vez pra muita gente, por conta da situação sempre complicada).

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Noruega antes de junho

Na verdade eu vou pra ficar 1 ano na Noruega só em junho, mas já em março vou dar um "pulo" lá. Acontece que no fim de março acontece uma reunião anual de direcionamento estratégico da AIESEC na Noruega e logo depois dessa reunião há uma conferência nacional que serve para transição das diretorias locais (lá o termo das diretorias locais não é que nem na AIESEC Brasil, que é de janeiro a dezembro, mas sim de abril a março). Como eles me querem lá, eu vou com muito prazer. Não, eu não sou rico, é que a AIESEC na Noruega vai financiar boa parte da empreitada. :)

Eu vou dia 23/março e volto dia 31/março, e vou participar dessa reunião estratégica e serei facilitador na conferência nacional lá. Vai ser sem dúvida o ouro: eu vou conhecer meu time, vou conhecer as diretorias locais que eu vou liderar durante metade de 2008 e 2009, vou poder dar meus palpites no direcionamento estratégico e já começar a chutar o balde no estilo "gestão por resultados" que eu tanto idolatro.

Em resumo, vou tocar o horror.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Organizational Culture and Leadership (Edgar Schein)

Este livro é um verdadeiro tratado sobre cultura organizacional, como lidar com cultura organizacional e como líderes podem criar e moldar culturas em diferentes “épocas de vida” de uma organização, desde sua criação até maturidade e declínio.

O mais legal do livro é que além de ensinar os fundamentos para se entender a cultura, suas dimensões e como é moldada, dando exemplos práticos e reais de suas consultorias, o livro também dá as barbadas de fazer na prática uma avaliação e mudança de cultura (especialmente simples se tu tens alguma manha de facilitação de processos em grupos). É um prato cheio - e bem fácil de digerir, já que o autor é superpragmático e sintético. Sem dúvida será de grande ajuda para essa nova empreitada cultural a qual me submeterei na Noruega.

Agradeço ao Henrique Vedana, já que foi ele que indicou no seu blog esse livro que é material básico recomendado pela Kaos Pilots.

Compare preços no Buscapé: Organizational Culture and Leadership

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Falta de mão-de-obra qualificada, o que fazer?

Deu hoje no Jornal Nacional: falta de mão de obra qualificada pode paralisar construção civil (não consegui achar a matéria na porcaria do site do Jornal Nacional, então vai essa aqui do Estadão de dezembro mesmo). Esse é um assunto que particularmente me interessa - gestão de talentos, não construção civil - porque é o que eu sempre fiz na AIESEC (e vou fazer na Noruega até o meio do ano que vem). O caso não é que faltam pessoas, todo mundo sabe que o mundo está superlotado, mas faltam pessoas com a qualificação técnica suficiente. Nesse caso, faltam pedreiros, carpinteiros, eletricistas, etc.

A falta de talentos é um problema conhecido por todo mundo da área de gestão de talentos há quase 10 anos (quando do lançamento do icônico relatório “War for Talent” da McKinsey, que relata a “guerra” das empresas em atrair e reter talentos necessários nos cargos de gestão), porém muito pouco tem sido feito pelas organizações para vencer esta “guerra”.

Eu fico imaginando que tipo de organização em franco crescimento, como é o caso das construtoras no Brasil, deixa faltar um insumo tão básico quanto o sujeito que faz a obra acontecer. É mais ou menos como abrir uma padaria, comprar os ingredientes e o forno, mas acabar esquecendo do padeiro.

E o que o pessoal do RH dessas empresas faz para contornar essa falta? Organiza um “recrutamento” na porta das obras da concorrência oferecendo um salário mais alto. A curto prazo isso pode ser visto como bem inteligente, mas sempre vai ter uma empresa disposta a fazer o mesmo com você, pagando mais por um funcionário, logo você irá perdê-lo novamente e estará com o mesmo problema - e vai ser ainda mais caro recontratar esse cara.

“Guerra por talentos”, definitivamente.

Em um país desenvolvido, onde todo mundo estuda, seria até compreensível que faltassem operários de construção civil, porém em um país como o Brasil, onde há milhões de desempregados, como pode haver falta de gente? Bem, esse povo está desempregado justamente porque não têm qualificação.

O que fazer então?

Se eu fosse gestor de talento de uma dessas construtoras, eu pensaria em dois grandes objetivos:

1) manter as pessoas que já trabalham na minha organização;
2) qualificar pessoas para que se enquadrem no perfil que está faltando.

O ponto 1 eu não vou discutir aqui, mas tem uma série de coisas que fazem alguém ficar numa empresa (e não é o dinheiro, ainda que a falta dele com certeza prejudique). Mas o ponto 2 é onde quero expor algumas idéias que não sei nem se são legais, mas fica como idéias para o pessoal do RH dessas construtoras:

- Pagar salários para as pessoas fazerem o curso técnico necessário - tipo assim, pega o “Zé” sem qualificação, coloca no curso apropriado para o que se precisa e se firma um contato de sei lá quanto tempo de exclusividade.

- Parceria com o governo para financiar qualificação - Uma variação do item acima, algo como “Dr. Governo, me dá uma grana pra financiar esses cursos técnicos aqui que eu garanto emprego pra esse povo. Eu tenho mão de obra, o povo tem emprego e você tem voto. Win-win-win”. Se duvidar dá até pra empregar uns semi-abertos na parada.

- Fazer recrutamento dentro dos cursos técnicos - a montanha indo até Maomé.

- Ter meu próprio curso de especialização (ou, no caso de terceirização, parceria com um) - serve não só pra qualificar mais gente, mas também pra ganhar dinheiro (caso seja um negócio próprio) e também para “reciclar” meus funcionários atuais por um preço mais módico. Se você for realmente a fundo na coisa, pode abrir uma espécie de ONG da empresa para qualificar esse tipo de mão-de-obra em comunidades carentes. A comunidade ganha, a empresa ganha.

- Headhunting low level - a frase bonita em inglês significa na prática: pagar aos seus peões de obra para que chamem amigos ou parentes qualificados. Cada indicação que a empresa contratar e o sujeito ficar mais de 6 meses, quem indicou ganha uma grana extra (quem não quer ganhar dinheiro só pra dizer que “aquele cara” é bom?).

- Mentorship - Dá pra ir mais longe ainda no item anterior, caso a empresa contrate “semi-qualificados” em que o funcionário indicador ganharia uma graninha pra ser o “mentor” do “semi-qualificado” por um tempo (ou seja, ensinar na prática os macetes da profissão para um sujeito não tão qualificado). Dá pra criar até uma remuneração extra pros melhores professores (ou seja, aqueles que mais trazem novos funcionários e que realmente ficam depois do termo probatório).

Essas são só algumas idéias, tenho certeza que nem são as melhores ou mais realistas, mas é um começo. A pergunta fatal é: o que diabos acontece com esses gestores de talento que não fazem nada disso? Seria miopia do setor de recursos humanos? Talvez da alta cúpula da empresa? Ou apenas falta de planejamento de longo prazo? Quem sabe até o pessoal da gestão de talentos não veja como sua responsabilidade cuidar disso?

Não sei, não entendo nada de construção civil, mas me parece que se nada dor feito em relação a “guerra por talentos”, todo mundo vai sair como perdedor, menos os funcionários qualificados que tendem a ganhar uma grana extra graças a eterna lei da oferta e da procura.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Definindo meu norte

Após 1 postulação, 1 vídeo e 2 entrevistas, no último domingo fui informado por skype que havia sido selecionado para trabalhar na Noruega, mais precisamente como Diretor de Gestão de Talentos da AIESEC na Noruega! Estava sozinho em casa, o que não me impediu de gritar por aí, saltar e começar a ligar e mandar mensagem pra todo mundo.

Tenho que estar lá no dia 15 de junho deste ano e fico até o ano seguinte, mais precisamente 30 de julho de 2009. O que significa que “pularei” um inverno na minha vida, porém vou conhecer o inverno mais frio que já tive notícia.

Eu vou pra Oslo, a capital do Reino da Noruega (sim, é uma monarquia constitucional parlamentarista), que fica mais ao sul (ainda bem). Eu vou ganhar cerca de 8.500,00 coroas norueguesas (na real é 10.500,00, mas aí é sem contar os impostos), mas não se impressione com o número, porque isso significa cerca de R$ 2800,00 (só que na Noruega o custo de vida seja bem mais alto do que aqui, na real, segundo o Wikipedia é 25% mais alto que nos States).

Mas o que eu vou fazer lá? Bem, eu vou ser o Diretor Nacional de Gestão de Talentos, o que significa que eu vou liderar a estratégia para atrair, selecionar, reter e desenvolver talentos em toda a AIESEC Noruega. Como eles têm problemas de retenção de pessoas (a galera é selecionada e logo sai da AIESEC, diminuindo os resultados da organização que precisa ficar treinando todo mundo de novo) e a presidente eleita disse que gestão de talentos vai ser um dos focos do ano que vem, tenho certeza que vai ser um prato cheio essa minha nova experiência.

Não vejo a hora de botar a mão na massa!

Eis o resto da galera do comitê nacional que vai ser o meu time:

Sonam Arora
Cargo: Presidente
Nacionalidade: Indiana
Idade: 21


Sveinung Årseth
Cargo: Diretor de Projetos
Nacionalidade: Norueguês
Idade: 23

Ida Linn Måløy
Cargo: Diretora de Relações Externas e Comunicação
Nacionalidade: Norueguesa
Idade: 22

Camilla Gullberg
Cargo: Diretora de Relações Corporativas
Nacionalidade: Norueguesa
Idade: 22

E eu:
Cargo: Diretor de Gestão de Talentos
Nacionalidade: Brasileiro
Idade: 25 (26 dia 21 de janeiro agora, putz!)

E vai ter mais um(a) que será Diretor(a) de Intercâmbio, as postulações serão abertas para um 2º round, já que ninguém foi eleito pra essa posição.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Próximos passos (fluxo de pensamento sem muito sentido ou revisão)

Escrever me ajuda a pensar. Eis o motivo desde post.

Depois de perder a eleição, tenho pensado em como vai ser o próximo passo. Pra dizer bem a verdade, está tudo bastante incerto, mas eu estou calmo, o que é algo de se admirar, porque eu sou uma pessoa que geralmente não lida 100% bem com incertezas. Acho que estou aprendendo a ser mais flexível, quem sabe.

Certamente quero ser diretor da AIESEC em algum país, porque sei que posso (e quero) impactar a organização em um nível maior, ajudando assim a mais pessoas a descobrirem e desenvolverem seu próprio potencial que, talvez, pudesse nunca ser descoberto se não entrassem para a AIESEC (experiência própria). Porém, isso é um processo cheio de pedras onde nada é certo, já que posso ou não ser eleito. Pra piorar, existem AIESECs mais profissionais que outras - e eu não sei o que é melhor pra mim, estar entre as melhores ou entre as não tão boas. Estar entre as melhores é certamente uma grande chance de progredir, de ter pessoas talentosas ao meu lado e assim por diante. Porém estar entre as não tão boas pode abrir uma possibilidade imensa de a) mudar as coisas e impactar de forma absurda aquele país ou b) se frustrar pra caralho por não conseguir fazer nada.

Em geral as AIESECs mais fortes são mais difíceis de entrar, porém o Brasil é uma dessas AIESECs fortes e eu sou bastante conhecido por aqui. Porém outro ponto que me cutuca é o lado pessoal da coisa. A Anna provavelmente voltará pra Europa e seria bem mais simples pra nós se estivéssemos ao menos no mesmo continente. Eu entrei na AIESEC porque queria conhecer o mundo, acabei ficando no Brasil por escolha própria. Será que quero viver 1 ano em São Paulo e ter uma grande experiência profissional, porém mais uma vez deixar de lado o pessoal? Eu ando muito mais equilibrado, antes era só trabalho trabalho trabalho, mas há algum tempo comecei a balancear as coisas muito melhor. Eu ainda sacrifico-me pessoalmente pelo trabalho (e espero que os outros façam o mesmo), mas acho que estou mudando. Talvez seja a idade, talvez apenas auto-conhecimento do que eu preciso pra ser feliz. O caso é que além de tudo São Paulo é uma cidade horrível. Entre São Paulo e Praga, eu ficaria com Praga.

Por enquanto eu já me candidatei para a Noruega e Reino Unido. Penso em me candidatar também para a Bélgica, República Tcheca e, quem sabe, Brasil e Eslováquia. Todas essas AIESECs são bem diversas em resultados, tamanho, estrutura, etc. No fundo, eu ficaria feliz por algumas coisas e frustrado por outros em todas elas. Porém, qual será a que pode me trazer mais benefícios e menos malefícios?

Vou dar uma de Steve Jobs agora: vou pra frente a moda louco, depois eu conecto os pontos e vejo no que vai dar. Segura coração!

sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Zeitgeist

Um filme que eu recomendo para desafiar sua visão de mundo sobre o Cristianismo, 11/Set e a possibilidade de haver alguém manipulando certos eventos para chegar a um governo único. Leia mais no Textorama.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Eu não me abstive

Resultados imprevisíveis para a eleição para presidente da AIESEC no Brasil (MCP): nunca tivemos tantos candidatos (três) e nunca tivemos esse resultado: nenhum dos candidatos eleitos, graças a abstenção em massa dos comitês locais na hora de votar (11 abstenções, 2 votos em mim, 2 votos na Mari e 2 votos para o Túlio). Posso dizer que fiquei um pouco entristecido. Não por não ter sido eleito, porque afinal eu entrei preparado para ganhar ou pra perder, mas por ninguém ter sido eleito.

É meio duro perder pra ninguém.

Vejo esse resultado como uma mensagem clara de que nenhum de nós 3 conseguiu convencer os comitês de que estávamos preparados e éramos as pessoas certas para liderar a organização nos anos de 2008 e 2009. Digo que nenhum “conseguiu”, dando atenção especial a essa palavra, porque acredito sim que eu estava preparado, mesmo depois de todos os feedbacks que recebi do porque não consegui o voto das pessoas.

Ou seja, concordo que não me apresentei bem, não encantei as pessoas, não atendi suas expectativas, porém discordo do resultado. Foi sem dúvida um grande aprendizado, até pelos feedbacks que recebi. Os mais recorrentes que recebi foram esses:

- Simplificação em excesso - eu parecia ver tudo de uma forma bem simplista, quase que prosaica dos problemas da AIESEC no Brasil, passando a idéia de que resolvê-los era fácil (o que não é de nenhuma forma verdadeiro).

- Arrogância - Até por eu dizer que as coisas eram simples, parecia um pouco arrogante da minha parte, como se ninguém tivesse conseguido fazer o que eu tinha como visão para a AIESEC no Brasil por pura burrice. Não ajudava também minha expressão corporal na hora de responder às perguntas, que para a grande parte da platéia soou como arrogante, quando na verdade eu gostaria apenas de passar confiança.

- Falta de praticidade, o popular “como vai fazer isso? - apesar de eu ter uma direção estratégica bem clara para a organização, eu não mostrei a maneira que eu ia conseguir fazer isso. Faltou detalhismo, faltou contextualizar, faltou convencer as pessoas de que eu realmente conseguiria fazer isso.

- Relacionamento interpessoal fraco - eu sou a pessoa mais tosca do mundo em cultivar amizades, ser carismático e puxar assuntos. Ser competente (ainda mais no Brasil), não é o suficiente, é preciso ser legal. Nisso eu estou a zilhões de anos luz do ideal.

Eis os meus comentários sobre esses feedbacks e a relação disso com um MCP ideal:

“Simplificação em excesso” e “falta de praticidade, o popular ‘como vai fazer isso?’” - Concordo plenamente que eu fiz isso e foi um erro, afinal, como diz o Márcio Jappe “nunca subestime a ignorância alheia” (o que significa não um xingamento, mas sim que omitir informações importantes achando que as pessoas entendem sem isso é geralmente um erro). Como disse, concordo com o feedback, porém sinceramente acho muito mais importante para um presidente saber a direção a seguir do que exatamente como fazer em detalhes (afinal, há um time de especialistas em cada área justamente para isso, saber como fazer).

Acredito que isso tenha muito a ver com estilo de liderança. Eu dificilmente seria um líder impositor e que pretende saber tudo sobre tudo. Eu não quero um time de “tarefeirtos”, eu quero um time que me complete e que saiba pensar. Uma vez que a visão aponta pra uma direção, nós decidimos juntos como é a melhor forma de chegar lá. Se a idéia é que o presidente tenha o plano operacional de cada área na cabeça e que saiba tudo sobre todos os subsistemas, realmente então seria um erro me eleger, porque eu não penso que isso seja o principal pra um presidente.

No fim das contas, eu jamais disse que seria “fácil”. “Simples” e “fácil” são coisas bem diferentes. Einstein disse "A Natureza é exatamente simples, se conseguirmos encará-la de modo apropriado", se alguém acha que o pensamento de Einstein é simplório ou fácil, que levante a mão. Eu apenas encaro os problemas de maneira simples: se meu cachorro morrer, é simples, vou enterrá-lo, mas isso de modo algum será fácil emocionamente. É questão de posicionamento, “se não tem solução, está solucionado”.

“Arrogância” e “relacionamento interpessoal fraco” - arrogância tem a ver com eu simplificar demais e também com eu ser muito ruim em fazer conexões com as pessoas. Parece que sou arrogante, mas eu simplesmente evito as pessoas porque não tenho muito o que dizer a elas.

Acho até bem importante o presidente ser bom em lidar com pessoas fora do trabalho e fazer conexões, porém isso eu consigo fazer muito bem com um grupo de pessoas seleto (meu time, por exemplo). O problema é ser amigo de todos 500 delegados ou 1300 membros da AIESEC no Brasil. Mais uma vez, o feedback é verdadeiro, mas não acho que seja esse o ponto crucial de sucesso de um presidente. A bem da verdade, eu preciso que o meu time me ache foda e que o resto ache o meu time foda. Eu quero que os membros do meu time brilhem, eu não preciso estar nos holofotes.

E por que eu acho que seria um bom presidente?

- Eu tinha uma visão - a visão era um pouco diferente do atual, mas na minha óptica da coisa bem condizente com o planejamento de longo prazo e razoável para alcançar as metas de 2008-09, além de dar um passo importante rumo a visão 2010. Talvez os comitês gostariam que eu expressasse essa visão de maneira mais clara, porém fracassei em fazê-lo, principalmente com 2 minutos para fazê-lo entre cada pergunta.

- Foco em resultado e desenvolvimento de pessoas - ir em busca dos resultados incessantemente é uma das minhas características e o resto não importa (até por isso eu sou pragmático e “simplista”), porém em uma organização como a AIESEC não dá pra perder de vista também o desenvolvimento do time. Em última instância, esses seria meus motes: resultado e desenvolvimento.

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Essas são as reflexões apenas alguns dias depois do ocorrido. Com certeza mais virão, minhas idéias podem até mudar radicalmente, quem sabe? Mas por enquanto eu realmente não concordo com a decisão - porém a aceito com o coração aberto, sabendo que o erro maior foi meu do que do processo de eleição ou dos comitês que votaram.

É muito improvável que eu me candidate novamente para esse segundo round. Na verdade agora estou procurando oportunidades fora do país, em outra AIESEC. Quero ser MCVP fora do país.

Como fechamento, apenas me orgulho de ter tentado, de ter sido uma das 3 pessoas com coragem de fazê-lo entre 1300 membros. Em última instância, mesmo fracassando de maneira bem clara, eu posso dizer:

- Eu não me abstive.

sábado, 8 de dezembro de 2007

Conferência - ausência

Sei que não tenho escrito nada aqui, mas é a correria da eleição. Estou indo pra SP e só volto dia 20, eleito ou não.

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

FAQ - Jota para MCP

Decidi responder algumas perguntas aqui sobre minha candidatura a Presidente da AIESEC no Brasil:

1. Como posso conhecer suas idéias?

Leia minha postulação em www.jotamcp.rocks.it ou fale comigo por e-mail ou msn: sergio.schuler(ARROBA)gmail.com


2. Você não acha que precisa ser do MC antes de se postular pra MCP?

Mas eu sou do MC, só não moro na casa do MC. Sou do time de suporte (líder de estratégia nacional) do MC desde janeiro deste ano, logo estou presente em duas gestões do MC: a dos Hikers e agora do MC Army.

Além disso, o que importa são as competências, não se eu fui MCVP. Segundo as próprias palavras do Elias (MCP 05-06) “Ninguém esta preparado para ser MCP, não existe nenhuma experiência na AIESEC que te prepara para esse desafio, o que conta no final é a vontade, a competência e o brilho no olho e isso você tem de sobra cara.”


3. Você é conhecido por ótimos resultados em TM, porque não se postula pra MCVPTM?

Justamente porque estou no MC há 1 ano liderando parte da estratégia de TM nacionalmente isso não é um desafio para mim. Ser MCVPTM no Brasil seria pouco desafiador, por isso me postulei para MCP.


4. Então quer dizer que se você perder a eleição pra MCP, não vai se postular?

Sim e não. Se eu não for eleito MCP, vou me postular para MCVPTM fora do Brasil, pois acredito que assim esta posição seria mais desafiante para mim, já que não terei tanto conhecimento da realidade e ainda estarei lidando com um tipo diferente de cultura e forma de trabalho.

Quer fazer uma pergunta pra mim? Deixe nos comentários.

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

SP

Estou indo pra SP trabalhar no "MC Team Days". É quando a diretoria (e o time de suporte, por isso eu vou lá), pára, vê como está a performance do planejamento, alinha algumas coisas, arruma outras e volta cheia de gás pra entregar resultados.

Volto dia 15, até lá.

Jota MCP

Não tenho quatro dedos numa mão, mas decidi me candidatar à Presidência. Não do Brasil, mas no Brasil. Vou me candidatar à Presidência da AIESEC no Brasil, o cargo popularmente conhecido como MCP (Member Committee President).

A coisa toda é simples, ainda que extremamente difícil. Todo ano, todos os países da AIESEC elegem sua diretoria, incluindo aí o Presidente, que têm mandato de um ano. O processo geralmente se resume a preencher e enviar a “postulação” (um documento com perguntas cabulosas para testar o quão preparado você está pro cargo que almeja), passar por uma série de entrevistas e chats com os votantes (e responder mais uma tonelada de perguntas cabulosas), ser sabatinado em uma conferência (e, adivinhe, mais perguntas cabulosas) e aí através dos votos ser eleito ou não, o que geralmente inclui tomar litros de álcool e ser atirado em uma piscina caso eleito.

A decisão em si não foi fácil tomar. Há mais de um ano eu pensava que agora eu me candidataria a Diretor Nacional (os caras que são liderados pelo Presidente), mas percebi que meu trabalho atual (e que eu estou há quase 1 ano), que é Líder de Estratégia Nacional, é bem parecido com as funções de Diretor, principalmente a Diretoria que eu queria, que era Gestão de Talentos. Eu já dou coach para os diretores locais de gestão de talentos, facilito conferências nacionais desde o ano passado, trabalho estratégias de gestão de talentos, lidero um time nacional que cria campanhas em gestão de talentos, já criei conteúdo para uma track com cerca de 200 pessoas em conferência nacional, enfim... Eu estava 100% seguro para assumir esse cargo, o que obviamente acionou o alarme de “falta de desafio” na minha cabeça.

Eu sou movido a desafio, não agüentaria mais um ano em algo que eu aprendesse relativamente pouco comparando a quantidade de esforço despendida (sim, porque apesar de não ser lá mais tão desafiador, é um trabalho que demanda muito até do filho do Chuck Noris com Jack Welsh e criado por Steve Jobs).

Algumas pessoas quando ouviam dizer que eu me candidataria para a diretoria nacional já haviam me perguntado “pra MCP?” e eu simplesmente dizia “não, não, diretor”. Pois bem, todos vocês que me perguntaram isso, chegou a hora, votem em mim e me façam um molhado e bêbado presidente no Conal 2007.

Façam eu entrar no glorioso hall dos CEOs mais mal pagos do mundo!

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Foco no problema ou no resultado?

Está chovendo, você precisa ir até o supermercado. Você amaldiçoa a chuva até parar de chover (sabe-se lá quantos dias depois) ou pega um guarda-chuva e vai até o supermercado? A analogia parece idiota, mas quando se trata de um problema no trabalho, boa parte das pessoas fica só amaldiçoando e maldizendo a chuva, sem nunca pensar que a solução está ali, bem perto, basta pegar um guarda-chuva.

Muitas pessoas quando se deparam com problemas, digamos assim, “insolúveis” (eu pelo menos não sei como fazer a chuva parar quando eu quero), falham em enxergar o caminho para a solução. No lugar disto, apenas ficam reclamando, sem nenhum efeito benéfico para a pessoa, o problema em si e, claro, os pobres coitados em volta que precisam ouvi-la resmungando. Geralmente estes problemas “insolúveis” são aqueles que ou já aconteceram ou são decisões que não vão poder ser mudadas. Exemplos:

- Você perdeu o vôo;
- Sua equipe recebeu um corte no orçamento;
- Um dos seus liderados falhou em entregar uma ação importante no prazo;
- Seu chefe marcou uma reunião crucial no fim de semana que você pretendia viajar.

Quando se deparar com situações que não podem ser mudadas por um motivo ou outro (muitas vezes porque já aconteceram e não há como alterar o passado), não se feche no problema. Reclamar, ficar bravo, triste ou decepcionado não vai adiantar de nada. Sei que é difícil muitas vezes controlar esses sentimentos, principalmente quando nossas expectativas são muito frustradas, mas não conheço um só caso em que ficar de mau-humor ajudou a situação a melhorar.

Como diz minha mãe, são dois trabalhos: embrabar e desembrabar.

Pelo contrário, geralmente quando estamos irritados é que não conseguimos fazer nada direito e aí as coisas começam a dar mais errado ainda. Esqueça o problema, “se não tem solução, já está solucionado”, parta logo para o próximo passo: o que eu posso fazer pra tornar essa situação um pouco melhor? Não é questão de tornar a situação ruim em agradável (por que muitas vezes não é possível, “puxa, terei de cancelar a viagem”), mas sim MENOS desagradável. Tente encarar uma situação ruim com bom humor e você vai começar a entender as vantagens de não se irritar por qualquer coisa.

Então, você já pensou se quando está chovendo você reclama do tempo ou pega logo o guarda-chuva?

Leia também: Se não posso fazer o que quero, então o que posso fazer?
Leia também: O poder do pensamento positivo (sem segredo algum)
Leia também: Diga para si mesmo “Eu cometo erros, sim”

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

SDL Sul, não foi “mais uma” conferência da AIESEC

ENTENDENDO AS CONFERÊNCIAS DA AIESEC (se você é um membro, pode pular essa parte e ir direto pra parte que fala do SDL Sul)

Conferências na AIESEC são sempre momentos de inspiração, aprendizado, conhecer e reencontrar pessoas que te inspiram e/ou que você inspira, trabalho intenso por vários dias (todo dia começa lá pelas 8h da manhã e termina lá pelas 21h, sem contar obviamente a festa depois disso) e muita diversão.

Além disso, na AIESEC, conferências tem um papel fundamental. Por quê? Isso acontece pela própria estrutura da AIESEC, que funciona assim:

- existe a AI (AIESEC International), que é, digamos assim, a instância máxima da organização, a “diretoria mundial”.

- Aí existem os MCs (Member Committees), que são as “diretorias nacionais”. Como a AIESEC está presente em cerca de 100 países e territórios, existem cerca de 100 diretorias nacionais.

- E finalmente existem os LCs (Local Committees), que são os comitês locais em cada cidade, subordinados a diretoria nacional.

Porém a coisa não funciona assim “de cima pra baixo”, ao contrário, a estrutura da AIESEC poderia ser simbolizada de cabeça pra baixo: os comitês locais são os caras que fazem a coisa acontecer, que entregam os resultados, aí a diretoria nacional oferece suporte para que esses comitês tenham boa performance e a diretoria mundial oferece suporte para as diretorias nacionais. Ou seja, todos os resultados acontecem em nível local. E aí entra o papel das conferências:

Imagine se cada um desses comitês locais estiver seguindo uma estratégia diferente, entregando produtos diferentes, enfim, fazendo coisas diferentes. Isso significaria que a AIESEC não teria uma boa performance, porque seria tudo meio randômico. Por isso as conferências são o grande momento de juntar “todo mundo” e passar a mensagem certa, alinhando conhecimentos, capacitando as pessoas para entregar os resultados.

Conferências internacionais, nacionais, regionais e locais são um dos modos que a AIESEC encontrou para se comunicar com 22 mil membros espalhados por mais de 100 países. Elas são um momento sempre especial, aliás, o primeiro contato que temos com a AIESEC quando viramos membro é em uma conferência local.

SOBRE O SDL SUL

Essa conferência foi especial. É a 7a conferência da AIESEC em que fui facilitador e posso dizer que essa provavelmente foi onde mais as pessoas pareciam motivadas por aprender durante toda ela. O time organizador da conferência (divididos em “logística” e “facilitadores”, respectivamente responsáveis por infra-estrutura e conteúdo) geralmente é quem precisa ser energético e motivador para inspirar os delegados, mas parece que desta vez aconteceu ao contrário - os delegados passaram sua energia a quem organizava, que a retransmitia de volta a eles e assim criamos um ciclo virtuoso.

Fiquei muito feliz porque fui avaliado muito bem como facilitador pelas pessoas que assistiram, de 1 a 5, sendo 1 o mais medonho e o 5 o mais fucking power, variei sempre entre o 4 e o 5. Fiquei ainda mais feliz porque a Lubi, uma das pessoas que me viu facilitar pela primeira vez e acompanhou todas as vezes praticamente em que fiz isso, me deixou um recado dizendo-me que evoluí mais ainda como facilitador. Aliás, todos os recados que recebi no final da conferência eram sobre isso. Muito legal. E parabéns para a Lubi, minha liderada desde 2006, pois acho que esta foi a primeira conferência fora do comitê local que ela facilitou e ela também foi muito bem avaliada, matou a pau!

Essa conferência foi diferente também porque era a primeira em que estava namorando. :) E foi tão bom revê-la!

Além disso, revi a sempre enérgica Laura (da Lituânia) e conheci pessoas muito legais, como o Tunak (indiano, outro que não acaba a pilha nunca).

O SDL Sul foi um grande ponto positivo, profissionalmente e pessoalmente. Agora é com os comitês locais a implementação de todas as coisas que vimos e debatemos lá.

Eu estava pensando em postar fotos, mas o Blogger está com algum problema e não está aceitando-as.

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Ausência

Ficarei ausente até segunda. Estou indo no SDL (Seminário de Desenvolvimento de Liderança), que é uma conferência regional da AIESEC. Serei facilitador lá, o que significa que vou ajudar a galera aprender algumas coisas.

Esses momentos de conferência são sempre muito legais - cansativos, mas muito legais.

Até a volta.

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Tornando-se superprodutivo

Quem nunca se pegou dizendo “depois eu faço isso” sem nenhum bom motivo, apenas para não fazer “agora”? Procrastinar é uma coisa comum entre nós, alguns mais, outros menos, mas todo mundo já deu um jeito de se convencer de fazer algo depois - mesmo que algumas vezes isso vá trazer mais problemas, como ter de fazer hora extra, fazer algo correndo, enfim. Porém existem técnicas para aumentar a produtividade e vencer esse espírito do “deixa pra depois”. Uma das técnicas mais famosas entre os taradinhos da hiperprodutividade é o GTD (de Getting Things Done ou “Fazendo as Coisas Acontecer” ou algo assim). Eu vou explicar brevemente o que é isso, ainda que não seja uma explicação lá muito precisa porque eu mesmo jamais li o livro fundador da “filosofia” GTD, apenas alguns pequenos artigos aqui e ali que me inspiraram para um método pessoal de produtividade que é parecido com GTD, mas não exatamente.

Idéia central por trás do GTD

GTD é um método que se baseia na idéia de que as pessoas tem problemas em fazer coisas - qualquer tipo de coisa. E desse problema com as coisas é que vem a ansiedade, preocupação, etc. Então, se nós nos livrássemos de alguma forma dessas “coisas” na nossa cabeça, seríamos mais felizes.

Como usar esse tal GTD

1. Todas as “coisas” precisam ser catalogadas. Isso significa ter uma lista de ações de tudo que você precisa fazer, desde “ligar para o cliente X para marcar uma reunião” até “comprar flores para o aniversário de namoro”. Tudo é colocado em listas separadas dependendo do contexto: e-mails que precisam só ser lidos vão para uma pasta, os e-mails que precisam ser respondidos vão pra outra, coisas pessoais vão em uma lista, coisas de um projeto vão em outra, bom, você entendeu, catalogar tudo.

2. Depois de catalogar tudo, começa a parte de processamento. Qualquer coisa que pode ser feita em menos de 2 minutos é feita imediatamente.

3. Todas as coisas descritas na lista de ações devem ser escritas o mais concretamente possível em ações de verdade, logo “marcar reunião” não é correto, mas sim “ligar para João e marcar reunião sobre GTD”. Isso se dá porque quanto mais aberto, mais chance de não fazermos, de ficarmos nos preocupando no “como fazer” ou de escrever algo que não é factível de ser feito.

Seguindo esses 3 pontos, o sistema em si não importa, se você quiser usar um dos inúmeros softwares de GTD que inventaram, se quiser fazer uma espécie de jogo com GTD, se quiser anotar num caderno ou no bloco de notas do computador, não importa.

O meu sistema

É bem baseado no GTD, é bem simples também:

1. Anoto tudo que preciso fazer em um documento do bloco de notas. Anoto assim [CONTEXTO] ação, por exemplo “[AIESEC] mandar e-mail marcando reunião de coach com o VP de Campinas”.

2. No início do dia organizo meu dia, deixando claro tudo que vou fazer hoje. Divido as coisas em “hoje”, “amanhã”, “essa semana”, “próxima semana” e “um dia desses” (para coisas que são só lembretes, mas que não são lá muito prioritárias pra mim).

3. Se eu não estiver perto do computador, anoto num caderninho e depois passo para o bloco de notas.

4. Começo pelas mais rápidas até as mais complexas.

5. Cada vez que “mato” uma ação, vou lá e apago do bloco de notas. É impressionante como isso dá uma sensação de alívio, você deveria experimentar.

6. Quando chego ao fim da lista de “hoje”, dou uma olhada se não devo adiantar nada, se não devo, vou fazer qualquer coisa divertida, como jogar no computador, ir ao parque, etc. É ótimo ter a mente livre de preocupações para aproveitar o ócio sem culpa.

--

Leia mais: perfil de David Allen (criador do GTD) feito pela Wired

Compare preços no Buscapé: Getting Things Done, David Allen

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Planejamento não é tudo (é no mínimo escrito a lápis)

Tinha um sujeito que queria ser desenhista. E ele tinha um bom talento para o desenho. Aí um amigo o chamou para uma faculdade que inicialmente esse sujeito achou que era de fotografia, ele achou estranho, mas acabou entrando. Então o sujeito descobriu que não era fotografia, era uma faculdade de cinema. Logo ele se apaixonou pelo troço. Ele nem imaginava que queria ser cineasta. O nome da figura era George Lucas.

Essa história exemplifica que às vezes o plano muda. Planejar é bom, mas há momentos que nem todo o planejamento do mundo vai te ajudar. Há acontecimentos que não podem ser previstos, oportunidades que aparecem do nada, novos caminhos que se apresentam atraentes e antes eram inimagináveis. Isso é principalmente verdadeiro quando falamos de uma coisa muito mais maleável que um projeto em uma companhia: a nossa vida.

Eu sou um bom exemplo de como essas coisas mudam. Eu já tive certeza que seria desenhista, analista de sistemas, webdesigner, publicitário (e dentro disso: diretor de arte, redator e depois dono de agência) e tomei bons passos para isso, só para descobrir uma coisa nova. Como eu mudei de idéia pela última vez, que era ser publicitário, então foi a coisa mais bizarra:

Eu fui a um bar com uma amiga minha, ela me apresentou uma prima sueca de uma amiga dela, eu me apaixonei pela sueca e pensei em largar tudo pra dar uma banda pelo velho continente. Acabei encontrando a AIESEC pra fazer intercâmbio pra lá, as inscrições estavam abertas, me inscrevi sem saber direito como funciona, fui selecionado, me apaixonei por gestão de pessoas trabalhando ali, deixei meu intercâmbio pra depois, comecei a namorar uma ucraniana e hoje o que eu quero é lidar com o desenvolvimento do potencial das pessoas, uma coisa que eu jamais fiz idéia antes de entrar na AIESEC e trabalhar com isso.

Não havia nenhum plano concreto para isso, apenas aconteceu. Entrar na AIESEC foi a mais pura sorte, uma jogada louca, um troço meio “ah, vamos ver”. Como diria o Steve Jobs, connecting the dots looking backward, eu não tinha como saber isso olhando para o futuro, nenhum planejamento poderia ter me dito a loucura e o impacto que uma atitude tão idiota como ir a um bar com uma amiga poderia ter na minha vida. Ir àquele bar me fez mudar de profissão, provavelmente mudar de país, apaixonar-me por uma mulher que eu jamais veria se não fizesse parte da AIESEC, enfim.

Por isso é bom algumas vezes não seguir só o planejamento, mas o coração. Tenha o planejamento pra não navegar a deriva, mas saiba aproveitar a oportunidade de um vento soprando em uma nova, promissora e desconhecida direção. Não podemos ter medo. Citando mais uma vez o meu vídeo preferido: guts, this approach has never failed me before.

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Calheiros, educação, liderança na África - qual a conexão?

Em tempos de absolvição de Renan Calheiros em sessão secreta, no blog do Vedana ele comenta sobre a conexão entre educação e ética, além de colocar um excelente vídeo sobre um sujeito que tinha uma idéia clara sobre o que a África estava precisando para mudar: liderança.

Veja o post do Vedana.

Veja mais vídeos inspiradores no TED.com.

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quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Como contratar alguém

Estava lendo o Think:Lab, que é um blog que fala basicamente sobre o futuro da educação (um tópico que me é bastante caro por conta de alguns planos futuros), e lá estava o link para um post do blog do Marc Andreesson, fundador da Netscape, entitulado "como contratar as melhores pessoas com quem você já trabalhou" (tradução livre), no contexto do Think:Lab o principal destaque é uma das frases do sujeito, que diz "inteligência por si só é levada mais em conta do que realmente deveria" (ou algo assim, sem paciência para super traduções exatas).

Não vou resumir o artigo, vá lá e leia, mas Marc fala sobre 3 características que deveríamos olhar quando contratássemos alguém:

Drive (direcionamento, motivação) - pessoas que tem um "drive" geralmente são aquelas que podem derrubar um muro às dentadas se isso é o necessário para se alcançar o objetivo. Essas pessoas tem uma motivação interna que os conduz e faz com que não desistam (uma coisa meio "nunca se render, nunca recuar" do 300). Pessoas sem motivação são difíceis de motivar, sério. Motivação é "ter motivos", algumas pessoas simplesmente não os têm, por mais que a empresa tente dá-los. Motivação é sim um fator interno - ainda que afetado em larga escala por fatores externos - mas, mesmo assim, essencialmente interno. Pessoas têm ou não têm, ambientes e pessoas podem afetar.

Curiosity (curiosidade) - se a pessoa gosta do que faz, ela em geral vai procurar, fuçar e se informar sobre o máximo possível de coisas sobre o assunto. Pessoas que amam seu trabalho são boas por causa disso, elas sempre vão estar à frente, porque estão sempre por dentro das novidades.

Ethics (ética) - é meio auto-explicativo, mas é impressionante como isso costuma ser negligenciado. Pense o seguinte, se uma pessoa é desonesta em algumas coisas, como por exemplo em uma entrevista de emprego, ela provavelmente será desonesta também com seu empregador. Num mundo de web 2.0, com CEOs "getting naked" e se dando bem com isso, onde mais nenhuma empresa está segura escondendo as malandragens, ética é uma característica imprescindível.

Esses 3 critérios talvez sejam etéreos para você, mas pense bem, das pessoas que realmente eram muito boas no que faziam, quantas dessas não tinham essas 3 características? Se eu for pensar, acho que todo mundo com quem eu já trabalhei e admirei o trabalho tinham essas 3 características, enquanto aquelas em que era mais complicado de trabalhar faltavam pelo menos duas delas, se não as três.

E o mais importante, como você se avalia nestas 3 características?

terça-feira, 11 de setembro de 2007

Blogs AIESECos

Eu não me dou mais ao trabalho de fazer lista de links nesse blog ali na barra lateral porque todos os blogs que eu leio eu assino o RSS, que me avisa quando o blog é atualizado. (Muito cômodo, se você não usa, tente ver o Google Reader, é praticamente como usar o Gmail).

Mas vou botar uma listinha de blogs do pessoal da AIESEC (ou que era da AIESEC), pois a maioria fala de assuntos afins do Jovem Líder:

Aleja Laiton - colombiana doida que foi trainee em Porto Alegre, diretora nacional na Colômbia e agora é a líder da estratégia de empreendedorismo social na Iberoamérica (que eu não sei ao certo o que de fato significa, mas na prática é América Latina, Estados Unidos e Espanha).

Bárbara Basso - é minha mentora e hoje é diretora de gestão de talentos na República Tcheca. Fala bastante das suas viagens pela volta e das coisas estranhas de ser um gringo em uma terra com língua bizarra.

Conrado Kaczynski (ou algo assim) - foi presidente da AIESEC Porto Alegre quando eu era diretor, agora é da diretoria nacional aqui no Brasil. Ele é meio randômico, mas como escreve para os pais e amigos, geralmente ele explica as coisas sem siglas que só AIESECos entendem. Bom pra entender o que se faz na AIESEC.

Anna Tkachenko - ucrâniana que é diretora nacional de intercâmbio aqui no Brasil. Ah, e minha namorada também. :) Escreve sobre a vida de um gringo no Brasil.

Débora Basso - era diretora de intercâmbio de Porto Alegre quando eu era diretor lá também. Hoje tá na Alemanha no time de suporte nacional. O sobrenome não é coincidência, ela é irmã da Bárbara.

Henrique Vedana - na verdade ele não é mais da AIESEC, mas o Vedana foi presidente da AIESEC Brasil e trainee no ABN da Holanda. Hoje ele tá estudando na dinamarca na Kaos Pilots - e é justamente sobre sua vida nessa escola bem diferente que ele escreve.

Marcelo Costa - foi diretor nacional no Brasil, presidente da AIESEC Cono Sur e hoje é trainee na DHL de Miami. Começou a pouco o blog, mas pelo jeito escreve sobre sua vida na ensolarada Miami, onde mora com mais umas 5 pessoas de cada canto do mundo e coordena o programa de estágios da DHL.

Mogui - saiu de Floripa para ser diretora na AIESEC na África do Sul. Escreve sobre essa aventura africana - e os outros destinos que ser diretora a faz visitar. Se presta em escrever em português e colocar tradução para inglês.

Você é da AIESEC e tem um blog? Deixe nos comentários seu endereço, rapá.

Update 12/set: tinha esquecido o Daniel Prestes, que tá fazendo intercâmbio e conta do jeito mais engraçado do MUNDO como é viver nesse fim de mundo chamado Islândia, onde o frio come solto, mas a putaria e chinelagem pegam pesado quando o trago desce redondo goela abaixo até voltar goela acima.

domingo, 9 de setembro de 2007

Seu sonho é reter talentos? Faça-os sonhar então

Eu comecei esse post para escrever sobre um artigo que vi no ChangeThis, o artigo intitula-se The Turnover Dilemma: A Question to Keep Employees by Matthew Kelly (recomendo que você leia se entende inglês). São 10 páginas com letras BEM grandes onde basicamente o autor fala do quanto é necessário reter talentos (principalmente do ponto de vista financeiro da organização) e como fazer isso nas organizações basicamente linkando aspirações pessoais de cada funcionário com seu trabalho.

Eis um pequeno quote do artigo:

If you look at the employees of almost any company today you see people from one extreme to the other in terms of engagement: from the highly engaged to those who have quit but refuse to leave. So, what is the difference between these employees? Is it their work? No. There are janitors who are more engaged than some nurses. The nature of the work does not produce engagement in and of itself. Is it the pay scale? No. There is no amount of compensation that can guarantee engagement. Is it the employees level of intellect? No, in fact, some of the smartest people are the most disengaged from their work. So, what is the difference? Highly engaged employees tend to have a vision that they are working toward.


Ainda que eu concorde desde o princípio de que é essencial linkar aspirações pessoais com objetivos organizacionais para reter talentos, eu a princípio discordei que outros elementos, como o enriquecimento do trabalho em si e liderança não eram essenciais. Mas isso também me levou a um dilema que eu sempre tive: ok, é possível enriquecer certos cargos, fomentar trabalho em time, essa coisa toda, mas como fazer para engajar alguém com um trabalho como faxineiro, jardineiro, pedreiro, técnico em computador?

Aí lembrei da minha própria história, quando eu “suportei” um trabalho que não gostava porque sabia que ele me ajudaria a chegar no meu sonho:

Em 2001, estava no primeiro semestre da faculdade de publicidade e propaganda, mas trabalhava com montagem e conserto de microcomputadores (já que no segundo grau eu tinha feito o curso técnico de processamento de dados). Eu não tinha nenhuma experiência na área e tinha plena certeza que seria isso que me faria ser um publicitário - não a faculdade. Graças a uma incrível e inesperada ação de networking, consegui uma entrevista em uma grande agência em Porto Alegre, a já falecida Upper. Acabei sendo contratado, não como publicitário, mas como assistente do técnico de manutenção dos computadores.

Porém, a coisa era óbvia pra mim: estar dentro da agência de publicidade era metade do caminho para ser publicitário.

No primeiro mês eu fazia uma espécie de jornada dupla, arrumava os computadores e fazia as tarefas de manutenção necessárias (algo que não ocupava as 8 horas do meu dia) e no resto do tempo passava andando pra lá e pra cá na agência, entendendo como era o processo de trabalho, conhecendo o que cada área fazia, enfim, vendo o que era ser um publicitário na prática. O trabalho era bem idiota, mas eu tinha um sonho: ser publicitário. E eu sabia que aquilo por mais idiota que fosse o trabalho, aquilo ali me ajudaria a chegar ao meu sonho.

Já no fim do primeiro mês, um dos arte-finalistas, o Franco, estava saindo para uma outra agência onde ele seria diretor de arte - a evolução padrão de quem é arte-finalista e o sonho dele. Era um trabalho técnico, mas achei que seria uma ótima porta de entrada. Sempre fui muito rápido em aprender as coisas, era bom com computadores, já entendia um pouco de macintosh por conta do meu trabalho em manutenção dentro da agência e o Franco era um sujeito legal. Reconheci a oportunidade, sentei do lado dele e disse “ok, sei que tu está saindo e não quer mais fazer isso, façamos um trato, tu me ensina como fazer e eu faço teu trabalho”.

Virei arte-finalista.

Havia me livrado de uma vez por todas da assistência técnica em informática, mas não era ainda o que eu queria. Eu queria na verdade ser da criação, porque arte final era um trabalho bem técnico dentro da publicidade. Consistia basicamente em pegar o que a criação fazia e tornar aquilo viável para impressão. Porém, ser arte finalista me dava domínio dos programas usados pelos diretores de arte - ser arte-finalista era mais um passo para meu sonho, então agüentei o tranco.

Peguei o ritmo de agência, porém o trabalho de arte-finalista não me agradava muito. E o agravante era que eu estava descobrindo que eu queria sim ser da criação, mas não queria ser diretor de arte (a evolução natural do meu cargo), mas sim redator. O Word me parecia bem mais atraente do que o mouse. Então passei a me achegar mais dos redatores para ver como conseguir chegar lá. Não se passaram 2 meses e o Henrique, um dos donos da agência e também redator na criação, estava fazendo um brainstorm de alguns títulos comigo. De repente ele se levantou pra ir pegar um café ou atender o telefone, sei lá, e eu me sentei na cadeira dele e comecei a escrever alguns títulos. Quando ele voltou ficou impressionado com o que eu tinha feito. Aprovamos um dos títulos que eu tinha feito.

Voltei a minha jornada dupla a partir daí: passamos a criar diversas peças juntos. Eu atuava como diretor de arte pra ele, mesmo que não fosse o que eu gostava, era bem melhor que ser arte-finalista (que eu continuava sendo). Tinha esperança de que poderia passar para a redação desta forma - e como ainda estava recebendo como estagiário da técnica da informática, decidi pedir um aumento. Fui negado sem grande cerimônia de que eu receberia um aumento quando passasse em definitivo pra criação.

Porém, depois de uns 6 meses nessa, vi pessoas entrarem e saírem da criação e a chance não me era dada. Comecei a perceber o óbvio: eles não queriam perder um arte-finalista barato e eu não tinha chances de ser redator ali. Frustrei-me, mas decidi agir: comecei a criar meu próprio portfolio, fazendo a arte e os textos, mas para procurar outro emprego, desta vez como redator.

Em uns 3 meses consegui o emprego em uma agência de marketing interno, a Happy House. Finalmente eu seria redator. Informei para o pessoal do financeiro que ia sair, os mesmos que haviam me negado o aumento, e imediatamente eles se ofereceram para dobrar meu salário.

Foi ótimo dizer “não” para eles.

O dinheiro realmente não me interessava naquele momento. O salário no meu novo emprego seria exatamente igual à miséria que eu recebia como arte-finalista, mas ao menos eu estava chegando onde queria, ao meu sonho.

Na Happy House fiquei um pouco mais de um mês, mas logo percebi que criar para marketing interno não era o que eu queria, era muito limitado, eu queria que meu trabalho fosse para o público em geral. E aí fui chamado para ser redator em um estúdio de design, chamado Código Design. Mais uma vez mudei de emprego. O salário era um pouco melhor, mas realmente não muito, só mudei porque, mais uma vez, isso estava conectado com meu sonho de ser publicitário.


Acho que isso é prova suficiente de que, realmente, o mais importante é conectar o que cada funcionário quer da sua vida com o trabalho que ele realiza. O resto ajuda muito, como por exemplo um bom líder, mas nenhum líder pode motivar alguém que absolutamente não tem conexão com o trabalho que desempenha. O líder pode ajudar a pessoa a fazer essa conexão, mas não criá-la. Lembro-me de uma frase que exemplifica bem isso:

“Podemos levar o cavalo até água, mas é impossível obrigá-lo a bebê-la.”

Hoje eu não quero mais ser publicitário, meu sonho é trabalhar com desenvolvimento de potencial humano - coisa que descobri como vocação na AIESEC, onde ainda desempenho esse tipo de tarefa. Trabalho de graça (inclusive muito mais do que pra minha própria empresa), só porque sei que isso vai me ajudar a alcançar meu sonho no futuro.

O poder do sonho, o poder da visão, é realmente impressionante. Lembro-me de outra frase: “quem tem ‘por quê’, agüenta qualquer ‘como’”.

Uma última pergunta: você sabe quais são os seus sonhos?

- Leia também: "Se um homem não sabe a que porto se dirige, nenhum vento lhe será favorável." - Sêneca
- Leia também: War for Talent (pesquisa da McKinsey)
- Leia também: The Turnover Dilemma: A Question to Keep Employees by Matthew Kelly

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quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Diga para si mesmo “Eu cometo erros, sim”

Como aprendemos a caminhar? Caindo. Levantando. Tentando de novo. Fazer pequenos erros faz parte do aprendizado, não se pode saber certas coisas sem errar. Claro que alguns erros podem ser evitados, mas muitos não - incluindo-se aí o exercício da liderança. Leia quantas teorias quiser, siga quantos conselhos precisar, ouça quantos gurus da liderança puder, mas isso não vai te fazer evitar erros básicos, crassos e, depois que você errar, óbvios. São experiências que todos temos de passar.

Porém errar muitas vezes é visto como, bem, desculpe a repetição, um erro.

Somos educados desde pequenos a não cometer erros. No colégio bom é o aluno que não erra a prova. No trabalho bom é o funcionário que não erra nada. Perfeita é a pessoa que não comete erros. Erros costumam ser tratados como vergonha. Aparentemente esquecemos a velha máxima “errar é humano”. E esse esquecimento pode levar a culturas organizacionais onde não se aprende com os erros, pois não estamos dispostos a reconhecê-los - e isso sim é um caso sério.

O triste não é errar - nossos pais sabiam que cairíamos aos primeiros passos - o triste é não aprender com seus erros. O que eu quero dizer com isso? Arrisque-se. Siga sua intuição. Esteja disposto a cair. Assuma que errou e aprenda sempre com os erros. É melhor errar em coisas pequenas para aprender na hora de fazer direito as grandes.

Nada que realmente importa pode ser conquistado sem risco.

O que você prefere, acertar sempre nas coisas pequenas ou acertar algumas vezes naquelas que realmente importam?

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

"Se um homem não sabe a que porto se dirige, nenhum vento lhe será favorável." - Sêneca

Acredito que isso faz sentido pra todo mundo: se você não sabe pra onde vai, será bem difícil chegar até lá. Quero dizer, você deve pegar um táxi? Um ônibus? Um avião? Navio? Ir a pé? Pedalando? Pela direita ou esquerda?

Nenhuma das alternativas acima está errada, tudo isso depende de onde você vai.

Ir para Milão ou até o centro de Porto Alegre são coisas bem diferentes, ainda que comecem com o mesmo passo: sair de casa. Se você não sabe o seu destino, com toda certeza terá problemas na hora de planejar, o que significa que também terá problemas em chegar até o destino.

Ainda que esteja acima me referindo a lugares físicos, é fácil transportar isso para coisas não-físicas. Aonde você quer chegar? O que quer ter? Onde quer viver? Que coisas não quer abrir mão? O que deseja conquistar? O mesmo pode ser feito para sua organização: aonde minha organização quer chegar? O que queremos que nossos clientes percebam? Queremos ser os melhores? Queremos ser os mais baratos? Queremos ser os mais lucrativos? Queremos ser especializados ou generalistas? Quem desejamos que compre da nossa organização?

É impressionante a quantidade de pessoas e organizações que não sabem aonde querem chegar - e conseqüentemente não chegam onde querem.

Quando nós 5 fomos eleitos para ser a diretoria da AIESEC Porto Alegre de 1º de janeiro a 31 de dezembro de 2006, assumimos um comitê estava realmente mal - em resultados, baixa retenção de talentos, processos totalmente desestruturados, o planejamento estratégico era irrelevante, enfim, a coisa estava ruim mesmo.

Justamente pela situação estar ruim, nós tínhamos diversos planos de melhorar radicalmente o comitê. Aquele tinha que ser o ano da virada. Então começamos a correr para fazer tudo da maneira mais perfeita possível. Não tinha nenhum critério, íamos tentando melhorar tudo, implementando tudo, tudo que vinha nós estávamos lá fazendo. Não é de se espantar que logo no início já estivéssemos estressados e nossos resultados não condiziam muito bem com o que desejávamos. As coisas eram mais difíceis que pensávamos. No nosso planejamento nós tínhamos acordado em abraçar o mundo - e estava ficando claro que não conseguiríamos. Mas o que fazer? Estávamos um pouco perdidos ainda.

Foi aí que recebemos a visita da diretoria nacional. Nosso coach era o Marcelo, diretor responsável pela região sul, um mineiro muito gente boa que depois de ser diretor do Brasil, foi Presidente no Cono Sur e agora está na DHL em Miami. O Marcelo, na primeira reunião com todo o EB que ele participou, mal se sentou à mesa e já disparou:

- E aí, o que a AIESEC faz? E por que faz?

Aquela pergunta foi meio desconcertante, não tínhamos pensando naquilo até então. Veja só, estávamos tão cheios de coisas pra fazer que não tínhamos parado pra pensar “ok, o que é que nossa organização faz”. Quando respondemos à questão, ele nos perguntou “e o que vocês estão fazendo hoje no comitê de Porto Alegre para isso?” Não foi difícil entender que nós estávamos fazendo um monte de coisas ao mesmo tempo, mas que muitas delas não levavam ao objetivo final da AIESEC: ativar a liderança de jovens para que eles impactassem positivamente a sociedade. E se não levava ao objetivo final, era esforço e estresse inútil que estávamos fazendo. Algo como subir com um barril de vinho para o sótão só para descobrir que deveríamos tê-lo levado ao porão.

Graças ao Marcelo nós entendemos que não tínhamos claro onde queríamos chegar, qual era o legado que a nossa diretoria queria deixar. Não sabíamos o que significaria no fim do ano “sucesso” para nossa gestão. Queríamos aumentar o número de intercâmbios? Queríamos implementar AIESEC XP? Queríamos uma seleção melhor? Queríamos aumentar a retenção? Afinal, que diabos queríamos? Se nós não sabíamos, ninguém mais poderia saber.

Depois disso fomos para o nosso primeiro Team Days, um momento que a diretoria se reúne para avaliar a situação atual, traçar estratégias, enfim, parar 2 dias no final de semana para pensar a estratégia e voltar com novo gás. O Conrado, que era o presidente da AIESEC Porto Alegre, facilitou conosco a construção da nossa visão para o fim do ano. A base para a construção da visão foi a visão 2010 da AIESEC, pegamos aquela visão e fizemos esse fluxo:

- Ok, isso é pra 2010 globalmente, o que significa ter isso no CL de Porto Alegre, qual a visão do nosso comitê para 2010?
- Estamos em 2006, quais os passos que temos que dar agora para chegar nessa visão em 2010? Afinal, sabíamos que não poderíamos fazer tudo de uma vez só.

Bem simples assim (aliás, a maioria das coisas são simples, nós as complicamos).

No fim ficou uma visão super-ambiciosa, mas nós acreditávamos nela o tempo todo - e ela estava 100% ligada à visão global da AIESEC. Foi um momento histórico pra gente. Aí transformamos as palavras da visão em metas numéricas. Finalmente nós tínhamos decidido o que queríamos entregar, a visão era a “foto” do nosso comitê local ao fim do ano.

A partir daí as coisas foram muito mais fáceis. Cada coisa que pensávamos em fazer olhávamos para a visão que definimos e pensávamos “isso vai ajudar em que a chegarmos aqui?”, “isso vai impactar nossas metas?” Se era necessário, fazíamos, se não, deixávamos de lado. Fizemos acompanhamento dessa visão ao longo do ano e ao fim chegamos aonde desejávamos. O resultado foi tão bom que fomos eleitos o melhor comitê local do Brasil no final do ano.

Se me perguntassem por que fomos os melhores em 2006, na minha opinião só quatro coisas foram essenciais:

- Ter uma visão relevante e clara do que queríamos entregar naquele ano
- Acreditar 100% nessa visão.
- Ter um planejamento 100% conectado com a visão
- Constantemente acompanhar o nosso progresso rumo à visão, bem como repensar novas estratégias e ações quando necessário para alcançá-la.

O resto não foi a diretoria que fez, foram os membros. Tendo os 4 itens acima, um time minimamente competente poderia ter feito.

sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Discurso de Steve Jobs em uma formatura em Stanford (legendado em português)

Eu já olhei esse discurso umas 10 vezes - e não me canso dele. Toda vez que preciso parar, sentar e rever minha vida, eu procuro ouvir novamente esse discurso. Se você ainda não viu, pelo amor de deus, faça isso por você (tá até legendado em português para os não versados no esperanto bretão):



Pra mim esse é ainda é o melhor vídeo motivacional de todos os tempos. Se você conhece outro, por favor me indique ali nos comentários.

Mas em algum dia não muito distante vocês gradualmente vão se tornando o velho e serão descartados. Desculpem que seja tão dramático, mas é a verdade. O tempo de vida de vocês é limitado, portanto não o desperdicem vivendo a vida de outrem. Não se deixem prender por dogmas, que é viver com os resultados do pensar de outros. Não permitam que o ruído das opiniões alheiras afogue a voz interior de vocês, e, mais importante, tenham a coragem de seguir seu próprio coração e intuição. Eles de alguma maneira sabem no que vocês realmente querem se tornar. Tudo o mais é secundário.


Se você não pode ver vídeos no seu trabalho, baixe o áudio aqui e aqui o texto em português.